quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

A pregação cristã e a filosofia do dragão



Há algo de errado com muitas pregações no meio cristão mundo a fora, inclusive aqui por perto. A glorificação produzida nessas mensagens não estão tendo por foco o Cordeiro de Deus. Muitos estão colhendo e promovendo glorificação a si, ao homem e aos seus próprios interesses. É lamentável, mas nesse diapasão há influência de uma mensagem que tem aparência do cordeiro, mas procede de princípios falados pelo dragão (Apocalipse 13.11).
Eu não poderia dizer que a pregação do dragão, a antiga serpente, está sendo praticada nos púlpitos da Igreja com i maiúsculo porque a verdadeira Igreja é santa, é a noiva do Cordeiro imaculada e incontaminada. Ela será formada por discípulos fiéis a Jesus que serão reunidos dentre as igrejas institucionais existentes, e também de grupos, comunidades de santos nos mais entranhados lugares deste mundo.
Não bastasse a indevida ausência da mensagem da Cruz em muitas pregações contemporâneas, agora temos que tolerar as mensagens de autoestima e autoajuda fundamentadas num humanismo anticristão e suicida. Não é mera coincidência a ausência da mensagem da salvação, da cruz, da santificação. Trata-se mesmo de uma substituição fraudulenta do cristianismo pelo humanismo.
As colunas centrais da pregação cristã são aquelas recomendadas por Jesus Cristo: arrependimento e remissão de pecados (Lucas 24.47). A primeira trata-se da obra produzida pelo Espírito Santo convencendo o homem de sua condição de miserável pecador e destituído da gloria de Deus (Romanos 3.23, Atos 3.19); a segunda trata do plano de Deus elaborado antes da fundação do mundo (Apocalipse 13.8), a Obra de Cristo no calvário onde ele ofereceu a si mesmo pelos nossos pecados em oferta agradável a Deus. Foi do agrado do Pai que o filho padecesse por nossos pecados, levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. (1 Pedro 2:24).
A despeito de tudo isto, estamos constatando pregações emotivas e impecavelmente motivacionais que tem arrebatado multidões para o culto a si mesmo. Uma verdadeira sessão massageamento de egos. Por um lado os ouvintes contentam-se com uma mensagem de autoestima, onde se diz “você é capaz, você é vencedor, você tem a força, a vitória é sua”, etc., sem se cobrar responsabilidade espiritual e alertar o ouvinte para sua condição de pecador carente da graça de Deus. Por outro lado essas mensagens eivam de popularidade o pregador que recebe para si as glórias e aleluias como aprovação pois o que falou agradou a multidão.
Dessa forma, o foco dessas pregações visam elevar a autoestima do povo e promover o pregador. A glória devida ao Cordeiro de Deus é facultativa e até dispensável, pois se o povo se sentiu bem, se saiu aliviado das tensões do dia-dia, o objetivo do pregador humanista foi atingido pois sua aceitação continua crescente o que lhe garantirá dividendos. Mais uma vez se percebe que a pregação é focada no homem, em detrimento do Cordeiro de Deus. E tudo acontece bem na nossa cara de forma sutil sob aparência de piedade, de espiritualidade, de sabedoria, quando na verdade é mera simbiose humana.
A mensagem do Dragão
O que mais causa pânico no Reino das Trevas é o fato de que Jesus Cristo ofereceu seu próprio sangue para remir os que estavam sob a maldição do pecado, purificando e trazendo o homem para perto de Deus (1º João 1.7; 2.2).
A pregação cristã deve sempre fazer referência ao Jesus Cristo e seu sacrifício. São assim as expressões de adoração e louvor a Jesus Cristo na revelação de seu triunfo em todo o livro de Apocalipse: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre. (Apocalipse 5:9, 2,13). A menção de Jesus como Cordeiro sempre aponta para seu sacrifício na cruz.
O inimigo de nossas almas há muito vem executando seu plano de subtrair essa glória ao Cordeiro de Deus da boca e dos corações do homens. Uma das formas é tentar fazer o homem acreditar que tem em si alguma condição de autodeterminação tirando, sutilmente, Deus do centro de todas as coisas do ponto de vista humano.
Diversas escolas filosóficas ludibriaram a raça humana com a falsa ideia da autossuficiência do homem. Dentre elas, o iluminismo que legou muitas de suas impressões ao humanismo. Na verdade, esses obscurantismos acadêmicos são instrumentais anticristãos que informam o espírito de nossa época. Sua influência está presente nas diversas manifestações da atividade humana, ainda que alguns não percebam que estão reproduzindo algo abominável.
Nos círculos seculares, ao se elevar o homem como capaz de tudo, porque teria a força dentro de si, nega-se sua total dependência de Deus. Prega-se a força interior, como algo inerente ao homem que o torna senhor de sua vida. Acredita-se que basta o homem determinar seu êxito e persegui-lo com atitudes mentais positivas que nada será impossível.
Vemos fatos semelhante no meio cristão quando muitos “determinam sua vitória” com base no poder da Fé. Aliás, muito se tem falado sobre o poder da fé, como se a fé fosse um fim em si mesmo. Assim, se prega a “fé na fé” e não a fé em Deus. Em outras palavras, essa fé na fé é a versão evangélica da atitude mental positiva das ciências associadas à nova era e ao humanismo. Não existe o poder da fé. Existe o poder de Deus.
Geralmente os propagadores desse “outro evangelho” são pessoas que têm ganhado aceitação e dinheiro com essa situação porque mexem com o emocional das pessoas, levando-as a acreditar em algo aparentemente muito bom, mas invariavelmente antibiblico.
O apóstolo João, menciona no Apocalipse o discurso do Falso Profeta, a besta que subiu do mar. Ela tinha chifres como de cordeiro mas falava como o dragão (Apocalipse 13.11). A aparência era de espiritualidade, de piedade, de religiosidade, enfim, parecia ser algo confiável, pois afinal de contas lembrava um cordeiro, querendo parecer com o Cordeiro de Deus e suas obras maravilhosas. Etretanto, a fala dessa besta era a pregação do Dragão. A mensagem da autossuficiência, a promoção do homem, do animador de auditórios, o massageamento do ego dos ouvintes.
O falso profeta como agente satânico, nos últimos dias influenciará todo o pensamento da humanidade contra o cristianismo seja de forma contundente, seja de forma velada. Aqui me refiro a esta última. A falsa espiritualidade tem acometido o meio cristão com esse “outro evangelho” e transtornado a mentes de muita gente deixando em desuso a mensagem da Cruz e a glória devida ao Cordeiro de Deus. Não adianta barulhos de glorificação a Cristo e, ao mesmo tempo, a ocultação sua maior realização pela humanidade: sua morte de cruz e o perdão que dela decorre.
Uma das funções do Espírito Santo de Deus é glorificar a Jesus. Falando do Consolador Jesus diz: Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar.
(João 16:14). Assim, a pregação inspirada pelo Espírito de Deus é aquela que glorifica ao Cordeiro. Não temos nenhuma obrigação de ouvir ou de tolerar pregação que não tenha a autenticação do Espírito Santo.
As pregações que estão promovendo o pregador e massageando o ego do povo não tem as “digitais” do Espírito de Deus. Se elas ocultam a Obra expiatória do Cordeiro de Deus, apresentam a fé na fé e a atitude mental positiva, tornou-se uma pregação humanista e é notório que uma das estratégias do anticristo será a elevação do ego humano acima de tudo, até extinguir Deus e tudo que com ele se relacione da mente da humanidade.
O momento que vivemos exige discernimento. Que possamos adotar como lema o poema de Paulo Macalão em relação à Obra de Cristo:
Do Sangue Purificador,
eu quero sempre ter lembrança
e nEle ter mais cofiança.

Glória a Jesus! Glória a Jesus!
Glória a Jesus, o Salvador! (HC 23).

David Wilkerson disse que o melhor lugar para uma mente pecadora tentar se esconder de um Deus vivo é o interior de uma igreja morta. Que não sejamos essa igreja. Na verdade, pecador que não se converte após a pregação, não pode sair da igreja numa boa, aliviado e em paz. Ele tem que sair em conflito cônscio de sua condição de pecador destituído e carente da graça de Deus.
Rejeitemos e denunciemos qualquer mensagem que não tenha a autenticação do Espírito Santo de Deus.





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