A afirmação de Jesus de que não veio para trazer paz a
este mundo, mas espada, e colocar em dissensão os familiares do homem (Mateus 10.35,36)
causa, à primeira vista, certa inquietação na mente quando pensamos no Senhor
Jesus Cristo como o Pacificador, o Príncipe da Paz, aquele que destruiu as
barreiras da separação e promoveu a união dos povos pelo sangue da sua cruz. Mas
essa inquietação perece quando a analisamos a afirmação do Messias dentro do
seu contexto.
Ao instruir os Doze para a Missão de
anunciar o Reino de Deus, o senhor Jesus Cristo deixou claro que anunciar a
Mensagem do Evangelho não era uma tarefa que redundaria em simpatia,
reconhecimento do mundo, ou em uma vida confortável. Pelo contrário, eles viveriam
simplesmente com o mínimo necessário para subsistência. Além disso, seriam
enviados como ovelhas no meio de lobos. Pois os homens os entregariam nas mãos
das autoridades para serem injustamente açoitados. Tudo isso porque a mensagem
do Reino não do sucesso segundo a ótica humana.
A mensagem do Reino implicava em arrependimento de
pecados, amor ao próximo e vida de renúncia aos prazeres materiais. Para quem esperava
um Messias que trouxesse libertação política e vida materialmente confortável,
a mensagem do Reino não soaria nada simpática, e seus propagadores certamente
seriam rejeitados e expulsos. Quem abraçasse a mensagem do Reino enfrentaria a mesma
incompreensão, rejeição e desprezo por parte de amigos e familiares. Não há
neutralidade no Reino de Deus: ou se é aliado ou inimigo.
Jesus Cristo
deixou claro o ônus de ser um discípulo. O discipulado cristão realmente
implica em morte potencial. Potencial porque ainda que ela não ocorra
literalmente para todos os cristãos, cada um deles deve estar disposto, a
qualquer momento, a perder tudo pelo Mestre, inclusive a vida. Essa morte
potencial também se dá no campo social com a perca de direitos, privilégios,
reconhecimentos, com prejuízos, com injustiças, com incompreensões e abandono
dos amigos, e no campo familiar com rejeição, dissensão e ódio daqueles que
mais amamos.
As pessoas às quais o Evangelho seria anunciado viviam
num mundo que se opõe a Deus e seus princípios. Sendo o Evangelho uma
cosmovisão inversa ao estilo de vida desse mundo, era previsível uma oposição
àqueles que decidiram entregar a vida a Cristo e tê-lo como o maior tesouro. O Evangelho não é instrumento de dissensão
entre familiares. Mas aqueles que vivem segundo o mundo rejeitam os parentes
que vivem segundo o Reino de Deus. Jesus não requereu de seus discípulos o
rompimento dos laços familiares, mas deixou claro que sendo Ele Deus, o amor a
Deus deve estar acima de qualquer outro relacionamento (Mateus 10.37; 8.22).
Pelo contexto, vemos que eram os familiares que se tornariam inimigos daqueles
que abraçaram a vida em Cristo, e não os cristãos que abandonariam seus
familiares (Mateus 10.21,22).
Cristo veio promover a paz do homem com Deus, não a paz
segundo o mundo (João 14.27). O Reino de Deus sempre estará em conflito com o
mundo.
O
mundo sempre levantará sua espada contra o Reino de Deus. Seguir Jesus
significa estar pronto a enfrentar a espada que se ergue contra o Evangelho,
significa tomar espontaneamente a cruz, ainda que isto signifique desprezo dos
amigos e familiares. David Wilkerson já disse que uma das formas mais rápidas de se perder amigos é andar com Deus.
Se você enfrenta essa situação, você está em boa companhia.
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