quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Jesus faz apologia a conflitos familiares?


            A afirmação de Jesus de que não veio para trazer paz a este mundo, mas espada, e colocar em dissensão os familiares do homem (Mateus 10.35,36) causa, à primeira vista, certa inquietação na mente quando pensamos no Senhor Jesus Cristo como o Pacificador, o Príncipe da Paz, aquele que destruiu as barreiras da separação e promoveu a união dos povos pelo sangue da sua cruz. Mas essa inquietação perece quando a analisamos a afirmação do Messias dentro do seu contexto.  
            Ao instruir os Doze para a Missão de anunciar o Reino de Deus, o senhor Jesus Cristo deixou claro que anunciar a Mensagem do Evangelho não era uma tarefa que redundaria em simpatia, reconhecimento do mundo, ou em uma vida confortável. Pelo contrário, eles viveriam simplesmente com o mínimo necessário para subsistência. Além disso, seriam enviados como ovelhas no meio de lobos. Pois os homens os entregariam nas mãos das autoridades para serem injustamente açoitados. Tudo isso porque a mensagem do Reino não do sucesso segundo a ótica humana.
            A mensagem do Reino implicava em arrependimento de pecados, amor ao próximo e vida de renúncia aos prazeres materiais. Para quem esperava um Messias que trouxesse libertação política e vida materialmente confortável, a mensagem do Reino não soaria nada simpática, e seus propagadores certamente seriam rejeitados e expulsos. Quem abraçasse a mensagem do Reino enfrentaria a mesma incompreensão, rejeição e desprezo por parte de amigos e familiares. Não há neutralidade no Reino de Deus: ou se é aliado ou inimigo.
             Jesus Cristo deixou claro o ônus de ser um discípulo. O discipulado cristão realmente implica em morte potencial. Potencial porque ainda que ela não ocorra literalmente para todos os cristãos, cada um deles deve estar disposto, a qualquer momento, a perder tudo pelo Mestre, inclusive a vida. Essa morte potencial também se dá no campo social com a perca de direitos, privilégios, reconhecimentos, com prejuízos, com injustiças, com incompreensões e abandono dos amigos, e no campo familiar com rejeição, dissensão e ódio daqueles que mais amamos.
            As pessoas às quais o Evangelho seria anunciado viviam num mundo que se opõe a Deus e seus princípios. Sendo o Evangelho uma cosmovisão inversa ao estilo de vida desse mundo, era previsível uma oposição àqueles que decidiram entregar a vida a Cristo e tê-lo como o maior tesouro. O Evangelho não é instrumento de dissensão entre familiares. Mas aqueles que vivem segundo o mundo rejeitam os parentes que vivem segundo o Reino de Deus. Jesus não requereu de seus discípulos o rompimento dos laços familiares, mas deixou claro que sendo Ele Deus, o amor a Deus deve estar acima de qualquer outro relacionamento (Mateus 10.37; 8.22). Pelo contexto, vemos que eram os familiares que se tornariam inimigos daqueles que abraçaram a vida em Cristo, e não os cristãos que abandonariam seus familiares (Mateus 10.21,22).  
            Cristo veio promover a paz do homem com Deus, não a paz segundo o mundo (João 14.27). O Reino de Deus sempre estará em conflito com o mundo.
O mundo sempre levantará sua espada contra o Reino de Deus. Seguir Jesus significa estar pronto a enfrentar a espada que se ergue contra o Evangelho, significa tomar espontaneamente a cruz, ainda que isto signifique desprezo dos amigos e familiares. David Wilkerson já disse que uma das formas mais rápidas de se perder amigos é andar com Deus. Se você enfrenta essa situação, você está em boa companhia.  




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